quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Cara-de-pau e o quarto poder

Há casos que são demais: ontem, o italiano Gregório Olittierri, de 65 anos, foi assassinato na pousada da qual era dono, na Rua João Pondé, na Barra. Assim que as equipes de imprensa chegaram, um grupo aglomerava-se na porta e muitos se dispuseram a dar entrevistas sobre o que viram e ouviram. Um deles, o pintor Luciano Bonfim, prontificou-se a falar e disse ter ouvido gritos vindos do quarto.

Deve ter ouvido mesmo. Horas depois, a polícia apresentava o mesmo cidadão como réu confesso. O motivo? Desentendimentos antes de uma relação sexual. O que me espanta é que esta não foi nem a primeira, nem a última vez que a imprensa ouve a fonte errada. Neste caso, os repórteres não tinham bola de cristal, mas talvez um faro mais observador ou uma conversa com os peritos que estavam no local poderiam ter evitado a saia-justa.

Uma máxima dos romances policiais reza que o criminoso sempre volta ao local do crime. Acho que aos colegas, com a pesada rotina e a dificuldade de aprofundar a pauta com a redação ligando e dizendo "volta logo com a matéria", precisam voltar a ter o tal do faro investigativo. Senão, vão tomar cada vez mais baile de fontes.

Lembra do caso da Linha Amarela? Quando houve o acidente do Metrô, um falso engenheiro, Rogério de Almeida deu entrevista a várias TVs e jornais. O âncora da Band, Ricardo Boechat, precisou pedir desculpas. Assim, a tão prezada credibilidade vai para as cucuias.

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