domingo, 13 de fevereiro de 2011

Jornalismo empresarial ou comercial

Não somos ingênuos: toda empresa tem seus interesses, seus valores, suas metas, seus parceiros. Mas o principal interesse de uma grande empresa deveria ser o de permanecer viva.

Quando calouros, ainda esquentando os bancos da universidade, os futuros jornalistas aprendem que o jornalismo empresarial capta audiência para vendê-la aos anunciantes. Bem simples, não? Você convence parte do público que o seu conteúdo é interessante e ele vai consumir aquelas informações. Mais gente vendo, melhor para quem coloca as propagandas entre uma e outra notícia. Um dos valores que tradicionalmente mais manteve a fidelidade da audiência é a credibilidade da informação.

Mas não é de hoje que esta situação mudou. Vemos pautas que causam estranheza dentro dos noticiários e outros assuntos, que movem quem passa pela cidade, ausentes dos periódicos. O problema é que muitos dos profissionais de vendas usam a máxima de "o cliente tem sempre a razão" de maneira danosa ao bom jornalismo e misturam setores que deveriam ser completamente distanciados. E as redações se tornam setores anexos ao comercial. Pode até parecer num primeiro momento que isto deixa o anunciante feliz, mas isto é ilusório.

Como agradar concorrentes? Como se omitir de assuntos que palpitam entre as pessoas? Qual o preço em não colocar a noticiabilidade acima das trocas diretas?

Existem publicações de classificados, muitas distribuídas em sinaleiras. Isso não é jornalismo. E não desperta interesse do leito. Se não acordarmos, estamos todos fadados a enfeitar papel de enrolar peixe.

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